Mamãe,
Homenageá-la para mim
é sublime. Tão sublime quanto o papel principal que você representa na minha
vida. E como reconhecimento da sua importância
para mim é que me sentirei feliz com sua presença na próxima sexta-feira, dia
18/05, às 16h30min, na minha Escola, para falar-lhe do imenso amor por você.
Ana Maria de Lima de Barros
Diretora
A MÃE DA
GENTE
Lya Luft
Não gosto de
escrever sobre ou em datas especiais, mas desta vez falo desta singular
criatura que é a mãe da gente, e dessa mais singular ainda relação entre nós e
ela. Entre ela e nós? Há discrepâncias iniciais: o que sentimos e pensamos não
coincide, em geral, com o que ela sente e pensa. Um dos dramas humanos é a distância
entre a intenção de quem disse a palavra ou fez o gesto, o olhar, e quem os
recebeu e tantas vezes interpretou erradamente, guardando mágoas das quais o
causador nunca teve a menor ideia, muito menos intenção.
A
intensidade com que sentimentos e cultura caracterizam e oneram as relações
humanas, sobretudo essa, de mães e filhos, pode ser pungente. Algumas
brincadeiras bobas não são tão bobas: "Mãe de mais, vira mimado; mãe de
menos, fica revoltado". Peso excessivo se coloca sobre os ombros de mãe, e
de pai também. Se uma boa família, isto é, razoavelmente saudável, em que corra
mais forte o rio do afeto e da alegria do que o da frieza e do rancor, tende a
produzir indivíduos emocionalmente mais saudáveis, a regra tem muitas exceções.
Boas famílias podem conter filhos neuróticos, violentos, drogados, e famílias
disfuncionais podem produzir gente equilibrada, positiva, produtiva.
Partindo do princípio de que relações são complicadas, ter um filho (a mais
incrível experiência humana), ter de (ou querer) criá-lo para que seja feliz
(seja lá o que isso significa), cuidar de sua saúde, seu desenvolvimento,
dar-lhe afeto, bom ambiente, encontrar o dificílimo equilíbrio entre vigiar
(pois quem ama cuida) e liberar (para que se desenvolva), é tarefa gigantesca.
Que a mais simples mãe do mundo pode realizar sem se dar conta, e na qual a
mais sofisticada mãe pode falhar de maneira estrondosa, dando-se conta disso,
ou jamais pensando nisso.
Neste
universo de contradições, pressões, exigências, variedades e ansiedade em que
andamos metidos, qualquer tarefa fica mais difícil, que dirá a de manter,
concreta e emocionalmente, uma família numa relação boa dentro do possível. Os
compromissos de pais e mães se avolumam, as necessidades e exigências de filhos
e filhas se multiplicam, as ofertas se abrem como bocas devoradoras, o stress,
a pressa, a multiplicidade de tudo, nos deixam pouco tempo físico para conviver
com alegria ou escutar com atenção, e pouca disponibilidade psíquica: também
pais e mães estão aflitos.
Se antes o
pai chegava em casa à noite cansado, querendo jantar, ler o jornal, olhar um
pouco os filhos e a mulher descansar, hoje chegam exaustos os dois: a mãe, além
disso, pela constituição biopsíquica com que a dotou a mãe natureza (para
preservação da espécie), e pela culpa que nossa cultura lhe impõe (ou é uma
culpa natural e inevitável), chega duplamente sobrecarregada. Incluam-se aqui
tarefas que parecem banais, como olhar roupa, comida, questões escolares dos
filhos, embora hoje uma parcela crescente de pais tenha entendido que, não
sendo nem retardados nem deficientes físicos (ou mesmo sendo), podem assumir e
curtir esses pequenos grandes trabalhos.
A mãe da
gente é aquela que nos controla e assim nos salva e nos atormenta; e nos
aguenta mesmo quando estamos mal-humorados, exigentes e chatos, mas também
algumas vezes perde a calma e grita, ou chora. Mãe da gente é aquela que nos
oprime e nos alivia por estar ali; que nos cuida, às vezes demais, e se não
cuida a gente faz bobagem; é a
que se queixa de que lhe damos pouca bola, não ligamos para seus esforços, e,
mais tarde, de que quase não a visitamos; é aquela que só dorme quando sabe que
a gente está em casa, e chegou bem; a que levanta da cama altas horas para
pegar a gente numa festa quando o pai não está ou não existe, ou já fez isso
vezes demais.
A mãe da gente é o mais inevitável, inefugível, imprescindível, amável,
às vezes exasperante e carente ser que, seja qual for a nossa idade, cultura,
país, etnia, classe social ou cultura, nos fará a mais dramática e pungente
falta quando um dia nos dermos conta de que já não temos ninguém a quem chamar
"mãe".
(extraído da Revista Veja, Editora Abril, edição 2268 – ano 45 – nº 19,
09/05/2012)
Obrigada pelo convite e belo belíssimo texto. As vezes, precisamos ler coisas que falam do nosso dia a dia para que possamos acordar melhor, viver melhor e amar melhor. O meu carinho carinho a todas as mães e, principalmente à mães do Colégio Cenecista Nossa Senhora das Graças. Que Deus abençoe sempre a todas nós!
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